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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Quadrilhas de SC recebiam treinamento do PCC para assaltar caixas eletrônicos.

Primeiro Comando da Capital cobrou uma taxa de 60% sobre o valor roubado em cada ação.
Um sítio na zona rural de Itajaí foi a "sala de aula" onde a quadrilha do Freitas aprendeu táticas militares para usar nos ataques a caixas eletrônicos com dinamite em Santa Catarina. O local foi adaptado para as lições de caminhar tático, segurança de área e perímetro, e fuzil, o armamento mais letal na hierarquia das armas, que perfura blindagem de carro forte e colete de policiais. Os professores: integrantes da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) que viajaram de São Paulo especialmente para ensinar seus novos alunos.

Foi entre árvores e flores que a quadrilha desmantelada no sábado, dia 28 pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) aprendeu a caminhar em condições de disparar tiros de fuzil com rapidez, olhando para todos os lados enquanto segue uma direção determinada. A usar sentinelas em pontos estratégicos na rua fazendo um triângulo para cobrir o perímetro com o objetivo de alertar por rádio ou sinais de lanterna a aproximação de policiais, e também confrontar a polícia, se necessário. E exercícios de como segurar o fuzil, sempre em condição de tiro com o cano apontado para baixo.

O preparo tático, ou seja, o emprego do conhecimento técnico militar estava evidente em alguns ataques em Santa Catarina como os de Araquari (Posto Sinuelo, quando trocaram tiros com um PM) e São João Batista, como adiantou o Diário Catarinense... em reportagem publicada dia 19 de fevereiro. Estes são dois dos seis ataques nos quais a participação da quadrilha é confirmada pela Deic. Os outros quatro são Nova Trento, o último de São João e os dois em Rio dos Cedros. O bando é suspeito de explodir caixas em São Pedro de Alcântara, Bombinhas e Antônio Carlos, e suspeito em pleo menos outros 20 ataques, o equivalente a mais de 30 caixas eletrônicos dinamitados.

O conhecimento das técnicas militares normalmente aprendido em quartéis não foi de graça. O PCC cobrou uma taxa de 60% sobre o valor roubado em cada caixa eletrônico. A facção paulista também fornecia a dinamite e o armamento pesado e restrito das Forças Armadas, provavelmente comprado no Paraguai. E davam apoio logístico por meio de representantes do PCC em Balneário Camboriú e Itajaí.

— Munição, esconderijos, contatos, carros. Tudo que precisassem, os criminosos do PCC em SC forneciam —, contou o delegado que coordena o combate a este tipo de crime em SC e titular da Divisão de Furtos e Roubos da Deic, Diego Azevedo. 

O líder da quadrilha presa, José Luis de Freitas, o Magro, 34 anos, o irmão dele, Jocemar de Freitas, o Jubinho, 23 anos, ambos naturais de Brusque, além de Orlandinho Teske, o Buby, 38 anos, de Rio dos Cedros, Jonatan Rafael Fischer, o Johnny, 28 anos, de Campo Bom (RS), e outros três comparsas que estão foragidos no Rio Grande do Sul e em São Paulo foram treinados no sítio alugado em 2010. Foi neste ano que os quatro presos pela Deic foram "batizados" e passaram a ser do PCC. O "batismo", ritual para integrar a facção, dos irmãos Freitas aconteceu no Presídio de Itajaí. Todos eles tem extensa ficha policial e passagens por cadeias em SC. 

— O PCC escolheu a quadrilha porque o Freitas já tinha histórico de roubo de carga, malote e caixa eletrônico quando retirava os caixas, colocava em uma picape, cortava o caixa, retirava o dinheiro e o abandonava em um matagal. Isso em 2010 quando ele baleou dois PMs. E também por serem homens extremamente violentos, frios e de alta periculosidade —observou o delegado Azevedo. 

Conexões entre facções

A quadrilha do Freitas trabalhava em parceria com o assaltante Luiz Ricardo Rozini, 22 anos, morto durante a prisão do seu bando, na troca de tiros com os policiais da Deic, no dia 2 de abril. A prisão foi um dia depois de Rozini e seus comparsas explodirem um caixa em Luis Alves. 

Rozini e outros quatro homens eram integrantes da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC), de SC quando se aliaram aos Freitas, do PCC, em 2011. Eles explodiram juntos caixas em São João Batista e no Posto Sinuelo. Depois de um desentendimento por dinheiro, se separaram e Rozini montou sua própria quadrilha, responsável também pelo ataque em Pomerode, e depois desmantelada pela Deic. Existem outros dois grupos que atuam com explosivos e estão na ativa em SC e sob investigação na Deic, mas não tão organizados e treinados como era o bando do Freitas. A prisão da mais violenta quadrilha começou há seis meses, com um trabalho de investigação comandado pelo então diretor da Deic, Claudio Monteiro, que continua titular da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Deic e estava presente na operação de sábado. 

O quebra-cabeças da investigação contou também com a rede estadual de informantes anônimos da Deic. Escutas não foram usadas, segundo o delegado Azevedo porque o bando não falava no celular. Só pessoalmente ou no rádio com frequência da polícia. 

No sábado, na Operação Caixeiros, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela comarca de Brusque que resultaram na prisão dos quatro integrantes catarinenses do PCC e na apreensão de 15 quilos de dinamite, três fuzis (calibres 7.62; 5.56 e .30), uma espingarda calibre 12 semi-automática e uma pistola calibre 9mm, além de sete coletes a prova de balas, miguelitos (pregos para estourar pneus), munição, binóculos, lanternas, uniformes estilo militar e R$ 100 mil em dinheiro.

— Era uma questão de honra para a polícia de SC a prisão dessa quadrilha. Gostaria de agradecer aos policiais da Deic, das DICs de Balneário Camboriú, Itajaí, Brusque, Joinville, Gaspar e Criciúma, da Delegacia de Piçarras, da COP e do Bope — concluiu o delegado Azevedo.
Gabriela Rovai

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