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sábado, 2 de junho de 2012

Início da greve tem princípio de motim na João Chaves.

Os detentos do Complexo Penal João Chaves mal aguardaram o início da greve para formar o primeiro conflito por conta da greve dos agentes penitenciários, iniciada ontem. Com a paralisação dos servidores do sistema prisional, que cumpriram a lei apresentando apenas 30% do efetivo para o trabalho, a entrada de visitas para os presos foi cortada pelo diretor do complexo, Sidicley Barros. A direção optou por apenas liberar a entrada de alimentação, que é levada para os presos praticamente todo dia, já que somente quatro agentes davam expediente no complexo localizado na avenida Itapetinga, Zona Norte de Natal. 


O resultado foi um princípio de motim no pavilhão B do presídio. "Os presos pediam a visita, mas só tínhamos como liberar a alimentação. Como eles não foram atendidos quiseram iniciar um motim. Chegaram a quebrar uma cela, mas tudo terminou sendo acalmado", contou Sidicley Barros. Já no fim da manhã de ontem, agentes penitenciários do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), com o apoio de policiais militares realizando...
segurança externa, entraram na unidade prisional para retirar os apenados do pavilhão onde foi iniciada a revolta e contabilizar os prejuízos.

Durante a tentativa de rebelião os presos conseguiram destruir uma grade e tentaram quebrar parte do muro para fugir da unidade. Com a continuidade da greve assegurada, as perspectivas para o dia de hoje não estão entre as melhores. "Amanhã [hoje] o nosso procedimento vai ser o mesmo. Vamos esperar o que vai acontecer. Se for preciso vou ter que chamar a PM mais uma vez", afirmou o diretor da João Chaves.

Para o final de semana os prognósticos são ainda mais alarmantes, já que os sábados nas grandes cadeias públicas, como a Penitenciária de Alcaçuz, a maior do RN, são reservados quase sempre para as visitas de familiares e esposas dos apenados. "Hoje foi tranquilo porque só tem visita nos CDPs [Centros de Detenção Provisória] e nos presídios menores. No fim-de-semana que pode piorar, porque tem visita em Alcaçuz, por exemplo. E os agentes vão continuar fazendo o que manda lei, até impedindo as visitas", explicou Vilma Batista, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN (Sindasp-RN).

Segundo Vilma, todos os 904 agentes que fazem parte do quadro efetivo do Estado aderiram a paralisação. A expectativa da categoria é de que o governo apresente uma proposta razoável, especialmente para convocação dos aproximadamente 500 concursados e de mais 55 que já fizeram o curso de formação. "O secretário Aldair da Rocha [que acumula as pastas de segurança e justiça há pouco mais de dois meses] disse que teríamos uma reunião com a governadora, mas ainda estou esperando. Queremos nem que seja um indicativo de melhora a médio e longo prazo", afirmou a presidente do Sindasp-RN.

A expectativa é de que, caso a greve prossiga pelos próximos dias, a PM seja chamada para compor o quadro de segurança das unidades prisionais, mas até agora não há nenhuma confirmação oficial. "Até agora não me contataram para que o efetivoda Polícia Militar vá para os presídios", afirmou o comandante-geral da PM, coronel Francisco Canindé de Araújo.

Preocupação

A expectativa de depredação dos presídios foi destacada pelo juiz da Vara de Execuções Penais e corregedor da Penitenciária de Alcaçuz Henrique Baltazar em matéria publicada na edição de quarta-feira (30) do Diário de Natal. Na ocasião o magistrado afirmava que as expectativas do sistema prisional frente à possibilidade de greve, confirmada ontem, eram as piores possíveis, análise que foi inicialmente confirmada na manhã de ontem com os problemas no Complexo Penal João Chaves. "Os presos vão terminar de destruir os presídios. O que é ruim pode ficar ainda pior, caso aconteça um motim. O governo diz que não pode gastar agora, mas lá na frente vai gastar mais para recuperar o patrimônio público destruído", declarou então o juiz.

Durante a manhã de ontem, através de seu perfil pessoal em uma rede social, Henrique Baltazar questionou a administração estadual a respeito da greve dos agentespenitenciários, citando matéria publicada no DNOnline. "O q (sic) fará o Estado do RN depois da destruição do resto dos presídios pelos presos?", publicou Baltazar. A greve segue por tempo indeterminado. (Paulo Nascimento)
DIÁRIO DE NATAL

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