Morte ocorreu na manhã deste domingo (11), em Santa Luzia, Grande BH.
Governo de Minas diz que lavrador apenas 'passou mal' e que vai investigar.
Um homem de 34 anos foi espancado até a morte no Presídio de Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com a advogada da família da vítima.
Segundo a advogada Jucilene dos Santos Magalhães, o lavrador Vandir Nestor Rodrigues, morador de Nova União, havia ido a Santa Luzia para visitar a família que mora lá. Quando voltava para casa de moto, na última quinta-feira (8), foi abordado por policiais militares e detido na delegacia de Santa Luzia por apresentar sinais de embriaguez, segundo os policiais, que disseram que ele andava em ziguezague e fizeram o teste do bafômetro. Na noite da própria quinta-feira, foi levado ao Presídio de Santa Luzia, sem que sua família fosse comunicada da prisão, ainda de acordo com a advogada.
No dia seguinte, um advogado foi visitar outro preso e Vandir lhe entregou o celular do irmão e pediu que o advogado avisasse à família de sua prisão. Os familiares de Vandir contataram a advogada Jucilene, que, desde sexta-feira (9), passou a tentar o alvará de soltura do lavrador.
No entanto, a advogada diz que não conseguiu acesso ao auto de prisão em flagrante, sem o qual o alvará de soltura não pode ser emitido. "Ele estava trancado na delegacia e o delegado disse que só poderia buscar na segunda-feira", diz ela. Recorrendo ao juiz, a advogada conseguiu uma cópia do documento às 10h de domingo (11) e, pouco depois, a emissão do alvará de soltura.
'Agredido pelos presos'
No entanto, quando ela chegou à penitenciária para liberar Vandir, foi informada por funcionários que ele tinha morrido. "Questionei o que tinha acontecido e informaram que... ele havia se desentendido com os presos e foi agredido por eles. Fui informada que ele chegou morto no hospital."
Jucilene, que é amiga de infância de Vandir, diz que viu seu corpo e ele estava "cheio de hematomas, em vários lugares". A Unidade de Pronto-Atendimento São Benedito, que prestou atendimento ao lavrador, diz que ele morreu poucos segundos depois de dar entrada e confirma que seu corpo tinha "várias escoriações". Ele foi levado imediatamente para o IML.
'Passou mal na cela'
A Subsecretaria de Administração Prisional do Estado de Minas Gerais disse, em nota, que Vandir "passou mal na cela em que se encontrava e foi conduzido, imediatamente, por agentes penitenciários, ao Posto de Atendimento Médico São Benedito, onde faleceu".
Após ser questionada pelo G1 sobre as informações da advogada, de que o lavrador havia sido espancado até a morte, a pasta disse que "visivelmente, não havia sinais que indicassem, em um primeiro momento, que ele havia sofrido qualquer tipo de agressão".
Sobre a família não ter sido comunicada da prisão, a secretaria diz que "usualmente, os familiares são comunicados sobre a prisão na própria delegacia. Posteriormente, o preso é atendido pelas assistentes sociais das unidades, que também poderão entrar em contato com a família. Como Vandir Nestor Rodrigues havia sido preso recentemente, ele ainda não havia passado por esse atendimento".
Segundo a secretaria, as causas da morte estão sendo investigadas pela Corregedoria da Secretaria de Estado de Defesa Social e a Unidade Prisional instaurou procedimento interno para apurar o fato. "Segundo o secretário Rômulo Ferraz, concluídos os procedimentos e comprovando-se a participação dos servidores em atos ilegais ou coniventes com ações que possam ter resultado a morte do detento, eles recebem punições que podem chegar a rescisões contratuais", conclui a resposta.
A Polícia Civil diz que, no auto de prisão em flagrante, consta que Vandir "alegou que os familiares já estavam cientes de sua prisão". O órgão diz que não houve irregularidade e que foi uma prisão "corriqueira", porque o preso é quem deve avisar a família de sua prisão e foi arbitrada fiança de R$ 1.000. Diz ainda que o auto de prisão em flagrante foi entregue do fórum na sexta-feira e, com ele, a advogada poderia ter pedido a soltura de Vandir, mas que é normal que o documento só seja acessado na própria delegacia na segunda-feira.
Danos morais
Jucilene dos Santos Magalhães diz que a família de Vandir está "revoltada, abaladíssima". "Era uma rapaz muito bom, trabalhador, humilde. A família não tinha visto ele embriagado. vandir foi preso porque era humilde, nem devia saber que podia ligar para alguém". Ela diz que achou "um absurdo" a informação da Subsecretaria de Administração Prisional, de que Vandir apenas passou mal. Segundo ela, os irmãos de Vandir pretendem entrar com um ação por danos morais contra o Estado.
G1
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